segunda-feira, 27 de abril de 2020

BOLSONARO VS. MORO: O BRASIL NÃO É PARA AMADORES

“O Brasil não é um país para principiantes”, afirmou o poeta Tom Jobim. Podemos perceber isso na última polêmica do Governo Federal, envolvendo o presidente Bolsonaro e o agora ex-ministro da Justiça, o Sérgio Moro. A briga aconteceu entre os dois para ter o domínio da Polícia Federal e mostrou a faceta de Moro e Bolsonaro. Mostrou que os dois são farinhas do mesmo saco, mas com estilos diferentes.

Moro surfou na onda de juiz que combate a corrupção, mas sempre agiu na ilegalidade, tomando decisões que, olhando de forma neutra, iam de encontro com a letra da lei. Sempre protegido pela mídia tradicional, virou uma bandeira anticorrupção, mas seus desejos políticos sempre estiveram claros. Essa posição de Sérgio Moro, sob a proteção da mídia, e uma onda de cegueira nacional, possibilitou a eleição de um sujeito inepto como Jair Bolsonaro. Além disso, ajudou a tirar Lula, que liderava as pesquisas eleitorais, da eleição de 2018. Moro condenou Lula com base na sua convicção e não baseado em provas. Assim, Bolsonaro foi eleito com um discurso anticorrupção, se dizia o político da nova política, sendo ele saído do centrão, um grupo que forma um mar de lama no Congresso Nacional, e dizendo que não iria realizar a política do toma lá, dá cá, sendo que está fazendo isso, sim!

Eleito presidente, Jair Bolsonaro, premiando o Sérgio Moro pela ajuda na eleição, ofereceu ao ex-juiz o Ministério da Justiça com carta branca. No Ministério da Justiça, quis Moro criar uma ilha dentro do governo Bolsonaro, tomando decisões independentemente do presidente, mas sempre colaborando com o presidente da República quando era necessário. Por exemplo, o presidente teve acesso ao inquérito da Polícia Federal, que corria em segredo, sobre a questão do esquema do laranjal do PSL, partido pelo qual foi eleito presidente. Moro também se utilizou da posição para ter acessos que não poderia ter tido. No vazamento da The Intercepte Brazil, que mostrou relação ilegal dele com o Ministério Público, queria o então ministro Moro destruir as provas.

Agora veio a questão da nomeação do Diretor Geral da Polícia Federal. Moro não se colocou exatamente contra a exoneração do Valeixo, mas queria colocar um nome dele para manter o controle sobre a PF. Já Bolsonaro queria colocar uma pessoa de sua confiança para ele, o presidente, ter o controle da Polícia Federal. E aí a briga de egos deles explodiu. A questão era utilizar a Polícia Federal para fins ilícitos. Moro queria continuar com esse monopólio e Bolsonaro quis tirar isso.

Na coletiva que anunciou sua demissão, Moro falou que o presidente queria interferir nas investigações e que ele, o Sérgio Moro, não poderia aceitar. Nesse caso, o ex-juiz não poderia aceitar que outra pessoa tomasse de conta da PF, como ele, ilegalmente. Já o presidente Bolsonaro afirmou que o Moro queria uma vaga no STF e tentou fazer barganha política. Nessas trocas de acusação, eu acredito nos dois. Não há santos nessa briga. Não existem salvadores da pátria! Como diz nosso dizer popular, é cobra engolindo cobra. Realmente, o Brasil não é para principiantes.

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