sexta-feira, 22 de abril de 2011

O PODER DO AUTOCONHECIMENTO E O ESTADO

Participei de alguns encontros de um grupo de estudantes da UESPI. Foi dado um caso real, que nao me lembro qual era, e tinhamos que discutir sobre ele. Assim, trocariamos ideias e valores sobre o assunto. O debate acabou contraponto duas teses que defendo, mas nunca a percebi como opostas.

Os integrantes daquele encontro eram influenciados pelos ideais caracteristicos da esquerda. Acho que o caso concreto envolvia a situacao social de uma pessoa e se ela poderia sair daquela situacao. Todo mundo analisando sob o ponto de vista do grupo opressor. "Ela nao vai sair desse estado, pois o poder publico nao deu e nem oferece oportunidade". Ate que uma voz feminina falou mais ou menos assim: "Ela podera modificar sua vida se acreditar e lutar". Ela mudou o foco do grupo para o individuo. Todos a criticaram porque nao era possivel haver uma mudanca devido o Estado nao se preocupar com o bem-estar social. A colega permaneceu calada e eu nao tive coragem de expor minha opiniao.

Lembro de uma vez na UFPI quando mostrei o meu caderno uma frase tipo auto-ajuda para uma colega. Fazia Ciencias Sociais e o predominio era de socialistas. Ela perguntou se eu acreditava naquilo. Disse que sim. Apesar de achar estranho a indiferenca dela nao perguntei o motivo. Depois entendi. Para boa parte dos socialistas, aquilo era um discurso do capitalismo para retirar a responsabilidade do Estado pela pobreza, miseria, atraso, violencia. Seria um modo ilusorio para cada um de nos, seres humanos, se sentirmos culpados pelo nosso proprio status. Seria uma apologia ao individualismo, que e' uma coisa extremamente perniciosa para a nossa sociedade.

Sempre me defini, e continuo me definindo, como de esquerda. Gostava de ler Karl Marx na Universidade. Ate preciso voltar a estuda-lo, mas como minha vida esta' meio enrolada isso vai ficando para o depois. Ele e' um dos maiores pensadores do capitalismo. Para entender este, deve-se recorrer ao Marx. Agora, nao vejo por que razao essas duas ideias sao contrapostas. O individuo, se acreditar e lutar, pode modificar sua situacao, sim! Mas tambem nao podemos negar que se o poder publico cumprisse o seu papel as coisas seriam menos dificeis.

"Ha mais coisas entre o ceu e a terra que a nossa simples filosofia possa imaginar". As pessoas precisam acreditar que sao capazes de mudar suas proprias vidas. Seria uma fase de autoconhecimento. De descobrimento de seu poder de acao. Agora, nao se pode perder de vista que a uniao faz a forca e que o Estado existe para servir a todos, que acao estatal deve buscar sempre o bem estar social. Com o autoconhecimento, veriamos a verdade sobre os seres humanos: somos interdependentes. Precisamos um do outro. As nossas relacoes sociais nos fortaleceria. Iriamos perceber que os ocupantes dos cargos publicos nao sao melhores do que a gente, "simples" mortais. Que eles nao sao nossos donos, mas sim nossos funcionarios.

Com o autoconhecimento, as pessoas deixariam de serem conformistas e as cobrancas pelos seus direitos tornaria o Estado mais desenvolvido, justo, digno e eficiente. A educacao social deve focar a nossa capacidade e o papel do poder publico. Precisa-se mostrar a realidade dos fatos. Dizer que as coisas sao como sao devido o Estado nao investir na educacao (focando mais a formacao do cidadao consciente do que na mao de obra e consumidores), devido a corrupcao, que desvia dinheiro publico que deveria ir para hospitais, saneamento basico, para o desenvolvimento socio-economico da nacao brasileira.

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